sexta-feira, 24 de setembro de 2010

FOR te

Eu tinha uma gota
De chuva
Em minhas mãos
Chovia forte
Naquele dia
Mas só consegui
Pegar uma única gota

Os ventos
Nervosos
E encorajados
Por seus extintos
Sugavam tudo
Com seu pulmão
De raiva e mágoa
Que colocaram
No seu caminho

Mas na firmeza
De suas raízes
Ali ficavam
Eles e elas
Seres e "Seras"
Sem medo
E sem contestar

E assim
Portas e janelas
Foram arrancadas
Telhados levados
Para bem longe
Cores ficaram pálidas
De pavor
Qualquer coisa
Ou quem estivesse
Ali
Eram atingidos

Mas por fim
O vento
Cansado
Seguiu seu caminho
E tudo e todos
Puderam ver
A luz do sol
Essa luz
Tão forte
Que secou
A gota de chuva
Em minhas mãos!

Jana Tavares

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Meninos


Menino Rei.

Ouro vale mais que amor
vale mais que felicidade
que afeto.
que afeta a alma
que amacia, amassa
comprime o peito
Prata é menos que Ouro
mas é mais
que harmonia
que paz.

O que difere
menino de homem
e homem de rei?
Não sei. Mas sendo rei
homem ou menino
sentimento será do menino
Ouro e prata será do homem
E cada um decide quem é rei.

Victor Cupertino




Menino Mendigo

Ele mendiga um abrigo
Um chão pra pisar
Um olhar que não seja de vidro
E fácil de se quebrar
A luz da dor é forte
Dá sede só de olhar
Menino Mendigo
É nino, mas eu digo que é "mem"
Menino das ruas
Produto das suas
Esquinas e lágrimas
Bocas e almas carnudas
Sem nada e sem ninguém

Jana Tavares

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O outro lado!


Já não se sabe
Se
Estamos
De olhos
Fechados
Ou se
A claridade
Nos cegava
Uma pergunta
Fazia parte
Daquele silêncio
Entre eles
O que fazemos aqui?
Cheios do mundo
E de mundos
E acumulações
E incertezas
E...
Mas é tudo uma passagem
Isolada
É aquela velha
Ponte
De madeira
E o saber
Que na verdade
Não sabemos
O que espera
Do outro lado
Ou o outro lado?


Jana Tavares

sábado, 21 de agosto de 2010

Puls-ação

Ele

Só ele

Sozinho

Com aquele

Armário

De papéis

De palavras

Mundos

Na palma

De sua mão

Conhecedor

Do começo

Do meio

E do fim

Mas o fim

Chega depois


Ele

Esperando

Com pressa

Talvez uma sobra

Talvez um alento

Quem sabe

Uma letra?

Quem sabe

um caminho?

Droga!

Não dá!

Nem a pena

escreve

Nem a boca

balbucia

Nem os olhos

querem ler

O que fazer?


O que fazer?

Passa e volta

Volta e passa

Como o passado

Que passa

E o futuro

Que vira passado

Amassado?

Passado

Arrumado

O que for


Para e tenta

Ficando parado

Olha e

se esconde

Se acha

se move

Se tenta

Se vê...

E desvenda

O vendado

Mesmo

passando

o amassado

parando

o parado

na contínua

perseguição:

era apenas

sua sombra.

Era apenas

o tempo.

Jana Tavares e Rodrigo Barbosa

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Continua-a-ção


Continua
A ação
De viver
Isso para
O ser
É normal
Ou norma
Não sei

A ação
Continua
Viver
?
O ser
Segue como norma
Para ser normal
É, eu sei
Continuar
Depois
Continuar
Agora
Só nos
Resta
Continuar



(Continua no próximo capítulo)

Jana Tavares

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Embriaguez da V-IDA

Somos tão
fracos
Mas nos
Movi men tamos

Mesmo estando imóveis

Somos tão perpetuavéis
Dentro da c
A
S
a
Das dúvidas
De
c
O
L
U
N
A
s
Firmes
E que – bra-das
De tanto
trabalhar

E o brilho
Aonde está?
É tão difícil
A
L
T
o
Olhar pro

E aí
Caíd
os
Todos no
chão
Beijamos
A v- ida
E a V-inda

Nos
e
m r a a o
B i g m s
De vida
Feitiços
Sau-dades
Doces
também

Quantas cores
Na
P a r
e d e
Dos nossos
sonhos
Todas as
Estr
elas
Batem na
P o r
t a
Todos os
P l a n e t a s
R
I
E
m de nossas
Incapacidades

Do quanto achamos
Sermos


capazes

No copo tão
F






U



N do

Quanto nossos corações!

Jana Tavares

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PensamentoS


Recebo suas visitas
Pensamentos
Aceita um café?

O abraço da fumaça quente
Abraça
Pensamentos
Esquenta
Pensamentos
Beba
Pensamentos

Conversamos
Pensamentos
Conflitamos
Pensamentos
Apagamos
Pensamentos
Voltam
Pensamentos
E depois se vão...


Jana Tavares

Cansa Aço


Cansaço
Mental
Vital
Astral
Ih moço
Nem sei
Pronde foi
Virou a esquerda
Ou a direita
Peça informação
Na próxima
Esquina


As vezes
Vai dormir
Com os astros
Com os pastos
Esverdiados
Como o seu olhar
Que olha e não vê
O horizonte
Circular
É
Circular
Como a terra
Como a vida
Em alto mar
Boiando
Nas ondas
Da ilusão
Cansaço
Já disse
É apenas
Cansaço
Da
Respiração
E dá
Respiração
Pro pulmão da vida
Continuar
Mas ele quer morrer
Por isso
Fuma
Fuma
Fuma
Até cair seus lábios


Aaah
Cansaço moço
Já disse
Eu preciso de descanso
Descansar numa cadeira
De palha, madeira ou aço
No corpo ou no copo
Da poesia
Um buteco beirando
A beira do abismo
Da beira da praia
Da saia
Das calhas
Telhados
O que for
É
Cansaço moço
Já disse
Está enchado
Como a cidade
Como as mulheres
Como os olhares
Das luzes
Cansaço
Cansado de ser o cansaço
Cansado de ser sem ânimo
Cansado de não ser notado


Jana tavares

sábado, 12 de junho de 2010

Anu-cia-ndo


Anunciai
Minha despedida
Desse mundo
De ilusões
Já vou
Montada
No vento
Com a rapidez
De um furacão
Senhora
Obrigada por me deixar
Tecerei com as nuvens
O meu sonhar
Visitarei as árvores
Do tempo
Meus descontentamentos

...

Me alimentarei
Da saudade
Lembranças fumadas
Com sabor de libertação
Risos e Dor
Meu templo
No alto Do Universo
Onde respiram Amor

Jana Tavares

Ar Roz


Arroz do casamento
Não é o mesmo da panela
Da panela
Representa fome
A palidez
Enquanto o fogo
Suga a água
E deixa o arroz
Cansado
A noiva sai da Igreja
Com seu novo amado
O arroz esperará
Na panela
Não tem outra solução
Nem consegue
Mais chorar
Já acabou a emoção
A panela vai ficando funda
Funda
Funda
Afunda
Como a sua solidão

Jana Tavares

Bou-se

Acabou o pão
Só restou
Uma gota da conversa
E tudo que não presta
Foi pro lixo da ilusão

Acabou o vinho
A taça suja
De solidão
E só restou
O desalinho
Que ficou
Meu coração

Acabou o “nós”
Acabou o “vós”
Acabou a voz
Que gritava
E nessa madrugada
Acabou-se tudo
Até o nada

Jana Tavares

Raízes

Por mais que multipliquemos
As raízes vitais
Elas nunca saem do lugar
Só crescem
Dentro do espaço disponibilizado
Passam por elas
Curvas
E o vértice
As divide
Vértice
Ponto em que
Há a centralização do saber
Achar os seus valores
Nem sempre é fácil
O centro
É sempre polêmico
E quem chega ao centro
Descobre a lei
Que rege a sua função

Jana Tavares

sexta-feira, 28 de maio de 2010

M

Exata - mente
E não
Confusa - mente
Deixe o arco
E traga a íris
E gire
O sol
Na vitrine
Da alma


Jana Tavares

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Metada do meu sorriso


Rabisque uma casa
Sinta o cheiro
Das flores
De papel

Converse
Com pensamentos
Faça nada
No alento

Converse
Com a saudade
Nostalgia também
Faz parte
E não deixamos
De viver

Imagine mares
O cheiro
De fim
De tarde
Ventos doces
Calmos
Como nossos “descansares”
Despreocupados
Com o depois

Naquele chão
De palavras
De refrão
Risos
Lágrimas
Emoção

Seja incerto
Complexo
Convexo
Fraco
Introspectivo
Com seus “parenteses”
Mas volte
Com a metade
Do meu sorriso!

Jana Tavares

terça-feira, 18 de maio de 2010

Viajando
Nesse mar grande de poesias
Mentira
Esse mar secou na minha vida moço
Não sigo métrica
Regra
Muito menos o cantar
Só quero um buteco almático
Pra essa dor aliviar

Jana Tavares

quinta-feira, 4 de março de 2010

Solitário


Solitário
A lua sorrindo
No seu imaginário
Só foi um ato falho
Pensar ser feliz

Solitário
Dormindo nas ruas
Jogando baralho
Fumando um cigarro
Conversando com o barulho
Do silêncio de sua dor
Gritando estar presa
Ao seu criador

Solitário
Com ele apenas
A alma pequena
Como suas emoções

Solitário
Estrela apagada
Morada isolada no seu coração
Ele está solitário
Pensando na vida
Se realmente queria
Estar ali no chão

Levante fungo do pão
Levante fundo do poço
Levante e ande
Mesmo que seja com a solidão.

Jana Tavares

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O que está aqui dentro?


O barulho está lá fora
E não aqui dentro
É o silêncio
É o tempo calado da noite
O instante afoito
Pensando no tempo da noite
Na noite
E do instante
Nem sempre precisamos
Buscar sentidos pra tudo
Estou com medo
De sair de mim
E de me conhecer assim
Meio confusa
Reconstruindo todos os dias
O que se detrói durante a noite!

Jana Tavares